segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O Duro Preço da Liberdade


Dedico este curto resumo dum estudo sobre a conquista da Democracia e do Socialismo a todos os jovens do meu País, a quem, reiteradamente, têm escondido os mártires da luta pela Liberdade; branqueando uma grande parte da heróica história do povo português.

O Golpe Militar de 28 de Maio de 1926, encetou em Portugal a longa noite fascista, que arredou do poder alguns sectores da pequena e a da média burguesia, combateu encarniçadamente o movimento operário e camponês; e colocou o aparelho do Estado e da Autarquias nas mãos e ao serviço dos grandes agrários e capitalistas monopolistas.
Prontamente, os fascistas dissolveram o Parlamento, impuseram a censura prévia à imprensa, e iniciaram uma feroz e sanguinária cruzada contra os militantes comunistas. Ao mesmo tempo, a tipografia do jornal a Batalha foi assaltada, as sedes da CGT e de muitos sindicatos foram violadas, e encerraram as cooperativas camponesas.
Entretanto, os militantes do Partido Comunista Português e alguns outros democratas reorganizaram-se, e estoirou no Porto, em Fevereiro de 1927, uma revolta contra a ditadura chefiada por Mendes Cabeçadas e Agatão Lança, que depressa foi neutralizada, na qual se destacaram o general Sousa Dias, e os coronéis Fernando Freiria e Mendes dos Reis, que foram deportados para o Funchal, onde mais tarde tiveram uma importante intervenção na Revolução da Madeira de 1931.
Após essa rebelião desencadeada na capital do Norte e noutras localidades, que foi sufocada com um banho de sangue e muitas dezenas de mortos, o regime fascista consolidou progressivamente o seu poder e aumentou a opressão e a exploração, muito embora, desde o primeiro minuto, até à sua estrondosa queda em 25 de Abril de 1974, sempre tivesse encontrado pela frente, a heróica resistência do PCP e de alguns dos melhores filhos do povo português.
Em 1928, o general Carmona assumiu a Presidência da República, e pouco depois Salazar foi indicado para Ministro das Finanças, lançando, imediatamente, uma saraivada de impostos que penalizou a pequena burguesia e sobretudo os trabalhadores, nomeadamente a contribuição de Salvação Pública, a Taxa Militar, e outros tributos sobre a gasolina, e açúcar, os óleos, e diversos produtos essenciais.
Nesse ano, foi ainda promulgado nas Colónias o Código do Trabalho Indígena, que aí instituiu o trabalho forçado quase em regime de escravatura; ao mesmo tempo que intensificavam a rapina das riquezas africanas.
Nesse ano, ainda se verificou a tentativa de Revolta do Batalhão de Caçadores 7, seguida por movimentos insurreccionais no Barreiro, Setúbal e Entroncamento, tendo imediatamente intervindo, com violência, a GNR, que conseguiu reprimir essas sublevações.
Em 1929, embora na clandestinidade, o Partido Comunista Português procedeu a uma profunda reorganização, designando para Secretário-geral Bento Gonçalves, e, prontamente, dirigiu e encabeçou poderosas acções de massas e greves por todo o País.
Em 1930, o fascismo reforçou a ditadura, através da criação da Polícia de Defesa e Segurança do Estado (PSDE); e da União Nacional, que passou a ser o único partido politico permitido.
Pouco depois, o Salazar decretou o Acto Colonial, que impôs o modelo fascista nas Colónias de África, onde já tinham instituído os trabalhos forçados, cinicamente apelidados de trabalho obrigatório.
Todos estes factos foram acompanhados pelo advento das poderosas Associações Patronais de Lisboa, ao serviço do grande patronato, e da desumana exploração dos operários e restantes trabalhadores.
Prosseguindo as tarefas da reestruturação, o PCP impulsionou a fundação da Organização Revolucionária da Armada (ORA); o Socorro Vermelho Internacional; a Federação das Juventudes Comunistas, a Liga dos Amigos da URSS, e os Grupos de Defesa Unitária.
Contudo, o regime fascista continuou a endurecer a repressão, Salazar proclamou em 1931, a teoria do Estado Forte; e de imediato, em Junho, foram presos e torturados muitos oposicionistas, sobretudo sindicalistas, e militantes do PCP.

Entretanto, o Partido Comunista Português e o movimento operário não desarmaram, e já em 1931, prepararam grandiosas greves em todo o País, nomeadamente nos meses de Janeiro, Março, Abril, Agosto, Setembro e Outubro.
Foram também verdadeiramente notáveis as manifestações realizadas no Rossio, festejando o 1º de Maio, embora tivessem sido violentamente reprimidas com tiroteio da GNR e da polícia.
Nesse ano o Partido Comunista Português publicou o 1º número do Avante; que apesar das duríssimas perseguições que enfrentaria, somente nos primeiros anos da sua longa existência interrompeu a publicação por curtos períodos. A partir de 1937, já divulgava mais de 10.000 exemplares por semana; e como exemplo único no mundo, desde 1941, até hoje, o heróico semanário do PCP jamais deixou de ser editado, levando aos militantes do partido, e a milhares de portugueses o calor da esperança, a denúncia da exploração e das injustiças, e o incentivo da luta pela transformação da sociedade.
E como estudaremos com mais desenvolvimento, eclodiu a Revolução Democrática da Madeira de 1931, acompanhada de focos revolucionários nos Açores, na Guiné, em Cabo Verde, e em São Tomé e Príncipe.
Foi também em 1931, que os militantes do PCP, foram os mais entusiastas organizadores da Comissão Intersindical (CIS); e também contribuíram para a criação da Organização Revolucionária do Exército (ORE)
Em 1932, a ditadura salazarista fundou o Secretariado de Propaganda Nacional (SPN), e de imediato decretou a fascização sindical, ordenando o desmantelamento dos sindicatos livres, e dos partidos políticos democráticos; ao mesmo tempo que reequipou a PVDE, a GNR, a PSP, e as Forças Armadas.
E, confiadamente, a Standard Eléctrica, dependente do monopólio americano ITT, abriu as suas instalações em Portugal.
Nesse ano, o Partido Comunista Português continuou a organizar o movimento operário e camponês e dirigiu muitas jornadas de luta contra o desemprego.
Cobardemente, a polícia política assassinou o operário e militante do PCP Alfredo Ruas, que com o madeirense Antenor Cruz, foram das primeiras vítimas mortais duma longa lista de heróicos militantes comunistas que deram a sua vida por uma sociedade mais justa e solidária.
Em Janeiro de 1933 foram presos dezenas de militantes comunistas, na região de Alcântara.
E a 13 de Março, promulgaram a Constituição fascista de 1933, após numa caricatura de referendo, em que as abstenções contaram como votos favoráveis.
Em Abril aconteceu na Madeira uma pequena movimentação dos políticos que estavam deportados na ilha; enquanto o PCP, inaugurou a publicação do seu órgão da organização O Militante.
Nessa época, a Comissão Intersindical (CIS) já organizava 25.000 filiados, ultrapassando a CGT anarquista que tinha 15.000 aderentes, enquanto a FO socialista apenas dirigia 5000 membros.
De resto, o Partido Socialista, num congresso realizado em Coimbra, decidiu a sua dissolução, afirmando que não tinha condições para defrontar a ditadura fascista.
Em 1934, os salazaristas constituíram a Câmara Corporativa, inauguraram no Porto a 1ª Exposição Colonial Portuguesa, realizam a farsa eleitoral para a Assembleia Nacional; criam a Fundação Nacional Para a Alegria no Trabalho (FNAT), e ferozmente expulsam 33 professores do ensino, apelidados de perigosos comunistas.
Euforicamente, os grandes capitalistas inauguraram a Sociedade Central de Cervejas, e a Casa Sommer absorveu a Companhia de Cimentos Tejo, iniciando o grupo Champalimaud.
Todavia, encabeçados pelos militantes do Partido Comunista Português, e respondendo ao apelo das organizações sindicais, desencadearam-se em todo o País, numerosas greves e manifestações contras as leis fascistas que tinham ilegalizado os sindicatos livres.
Entretanto as forças fascistas prenderam Bento Gonçalves secretário-geral do Partido Comunista Português e outros quatro dirigentes dessa força partidária.
Porém, na Marinha Grande, em 18 de Janeiro de 1934, os trabalhadores, encabeçados pelos militantes comunistas José Gregório e António Guerra ocuparam a vila durante algum tempo.
No rescaldo dessa corajosa luta, a polícia política prendeu e torturou dezenas de operários e activistas do PCP; tendo assassinado barbaramente os heróicos militantes comunistas Manuel Vieira Tomé, (que foi um dos dirigentes daquela grandiosa greve geral); e ainda Américo Gomes, Armando Ramos, Aurélio Dias, e Manuel Simões Júnior, todos operários vidreiros.
Nesse ano, os estudantes fundaram os Grupos de Defesa Académica (GDA) e realizaram diversas manifestações de rua, que culminaram com a criação da Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas (FJCP).
Em 1935, o grupo CUF adquiriu a Casa Bancária José Henrique Totta.
Enquanto democratas de diversos quadrantes realizaram uma tentativa falhada de golpe de Estado contra a ditadura, tendo sido presos e seviciados alguns revoltosos.
Entretanto, a polícia política prendeu os militantes do Partido Comunista Português, José de Sousa, Manuel Alpedrinha, Fernando Quirino e Júlio Fogaça.
Contudo, num esforço heróico os membros do PCP conseguiram reorganizar o Secretariado do Partido; apesar da criminosa polícia política da ditadura ter assassinado o seu valoroso militante, João Ferreira de Abreu.

Em 1936, com a finalidade de ampliar o terror para melhor enfrentar o movimento operário e democrático, as forças fascistas inauguraram o tenebroso campo da morte do Tarrafal, em Cabo Verde; para onde pouco depois deportaram 150 presos políticos, entre eles, o secretário-geral do PCP Bento Gonçalves.
E, para melhor poderem alienar a população do País, fundaram a Legião Portuguesa, e a Mocidade Portuguesa.
Entretanto, Salazar apoiou Franco que tinha iniciado a sublevação armada contra a República Socialista da Espanha, e descaradamente, pelas fronteiras portuguesas, passou a entrar todo o tipo de o material bélico alemão e italiano, para reforçar o armamento dos fascistas espanhóis. Não satisfeito, Salazar também enviou para a Espanha os Viriatos, que eram destacamentos de forças militares portuguesas destinados a combater ao lado do despotismo franquista, na tenebrosa Guerra Civil que flagelava o país vizinho.
Porém, o Partido Comunista Português, e o movimento operário e camponês não esmoreceram. Deste modo, em Abril de 1936, foi constituído o Comité Central do PCP com Alberto Araújo, Manuel Rodrigues da Silva, Álvaro Cunhal e Pires Jorge; e logo em Setembro, a Organização da Armada (ORA) desencadeou a revolta dos marinheiros do Dão, Bartolomeu Dias e Afonso de Albuquerque, contra a intervenção portuguesa na Guerra Civil de Espanha; sendo que após duras contendas e muito tiroteio, 10 marinheiros foram mortos, e 60 acabaram por ser deportados para o campo de morte do Tarrafal.
Por outro lado, rebentou na Madeira a Revolução Camponesa do Leite, onde participaram muitos comunistas madeirenses, como veremos.
Entretanto, as forças repressivas assassinaram o militante do Partido Comunista Português, Francisco Cruz.
Em 1937, Salazar e o seu governo, promulgaram copiosa legislação laboral a favor dos interesses do patronato, além de outros diplomas que regulavam a organização agrícola corporativa; tudo isso acompanhado pela concessão de total liberdade de circulação de capitais.
Ao mesmo tempo, os governantes fascistas amplificaram a vaga repressiva contra o PCP, e deportaram mais 41 comunistas para o Tarrafal, onde já tinham morrido outros militantes desse partido, vítimas de maus-tratos, e ainda sete antifascistas.
Com toda a confiança, os grandes capitalistas prosseguiram o desenvolvimento do capital financeiro, surgindo o Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa, o Banco Borges e Irmão, o Banco Fonseca, e Santos e Vieira.
Todavia, os comunistas e outros progressistas, realizarem grandes manifestações de solidariedade a favor dos republicanos espanhóis, e muitas centenas de portugueses integraram as briosas Brigadas Internacionais, combatendo, valentemente, em Espanha, onde morreram 83 deles em defesa do Socialismo e das Liberdades.
Entre Abril e Maio, o Bloco Académico Antifascista desenvolveu manifestações nas três universidades portuguesas.
E a 4 de Julho, em Lisboa, um grupo de anarco-sindicalistas chefiado por Emídio Santana, executou um atentado à bomba contra Salazar, quando este se dirigia para a capela privada dum amigo, mas o ditador escapou, sem qualquer ferimento.
Os esbirros policiais fascistas endureceram a repressão, e abateram selvaticamente os militantes do Partido Comunista Português, António Mário Fernandes (operário) e Augusto Almeida Martins (caldeireiro).
No Tarrafal, também perderam a vida os militantes do PCP, Augusto da Costa (operário vidreiro), Cândido Alves Barja e Francisco José Pereira, (marinheiros), e ainda Rafael Tobias Pinto Silva (estudante). No Forte de Peniche foi morto o estudante da Juventude Comunista António Mano Fernandes; e no Aljube, mataram o carpinteiro açoriano e militante do PCP Rui Ricardo da Silva.
Em 1938, Salazar reconheceu oficialmente o governo fascista de Franco, com quem colaborou, no criminoso aprisionamento dos republicanos espanhóis refugiados em Portugal, que depois de entregues na fronteira, seriam fuzilados em Espanha.
Entretanto, o governa português organizou um novo simulacro de eleições para a Assembleia Nacional, tendo apenas concorrido uma lista única da confiança governamental.
Ao mesmo tempo prosseguia a acumulação e concentração capitalista; ao ponto de apenas 4,3% das empresas já possuírem 52.2% do capital empresarial nacional.
Contudo, apesar da repressão, o PCP continuava a alargar a sua influência junto dos trabalhadores do campo e das cidades. Porém, depois de padecer 12 dias de contínua agonia, sob infames provocações do celerado director do Tarrafal João Silva, assassinaram o membro do Comité Central do Partido Comunista Português, Alfredo Caldeira (pintor decorador) e ainda o militante Francisco do Nascimento Esteves (torneiro).
Em 1939, refinando a ditadura, o regime fascista promulgou os Estatutos dos Tribunais do Trabalho, afectos ao capitalismo monopolista, e à feroz exploração dos trabalhadores.
Salazar ajustou ainda com o governo racista da África do Sul uma Convenção para lhes enviar trabalhadores negros moçambicanos, para aí serem explorados, quase como escravos.
E com pompa e circunstância, em 29 de Junho, Salazar encontrou-se com Franco, com a finalidade de reforçar o regime fascista na Península Ibérica.
Portugal também assinou com a Espanha o Pacto Ibérico, que no fundamental foi um tratado de ajuda mútua entre Salazar e Franco; e pouco depois eclodiria a 2ª Guerra Mundial entre a Alemanha nazista por um lado, e a França e a Inglaterra no outro.
Imediatamente, os democratas portugueses promoveram manifestações contra o perigo da guerra imperialista.
Todavia, em 3 de Setembro, a Alemanha invadiu a Polónia, tendo Salazar declarado a neutralidade portuguesa na 2ª Guerra Mundial, ao mesmo tempo que, veladamente, ajudava os nazis, permitindo que eles instalassem emissores nas nossas costas, a fim de dar apoio às operações dos seus submarinos.
Persistindo a repressão assassina, os fascistas mataram no Tarrafal o militante do PCP Fernando Alcobia (vendedor de jornais); e o membro da CGT Mário Castelhano.
Em 1940, a PIDE voltou a assassinar militantes do Partido Comunista Português, desta vez António Oliveira Coelho (motorista) e Jaime da Fonseca e Sousa. (impressor da Casa da Moeda).

Em 1941, veladamente, o governo fascista português continuava a auxiliar os nazis, entregando à Gestapo, um grupo de refugiados alemães encontrados em Portugal, que seriam barbaramente assassinados pela polícia hitleriana.
Acresce que em benefício dos fascistas germânicos, uma empresa alemã ligada a capitais americanos, começou a explorar, directamente, as minas de ferro de Moncorvo.
Entretanto, a PIDE prendeu Militão Ribeiro, Pires Jorge, Pedro Soares, e Júlio Fogaça, todos dirigentes do Partido Comunista Português.
E explorando o medo e a desinformação, a Emissora Nacional iniciou uma grosseira e primária campanha anticomunista.
Contudo, com grande coragem e determinação, o PCP procedeu a uma profunda renovação; voltando o Avante a ser publicado, sem jamais os fascistas terem conseguido silenciar a sua voz.
Em 5 de Novembro, encabeçados pelos militantes comunistas, os trabalhadores reataram as lutas com uma grandiosa greve dos operários têxteis realizada na Covilhã; enquanto pouco depois, os pescadores da Nazaré e os da faina do bacalhau, multiplicavam acções de massas e manifestações, onde reivindicavam aumentos de salários.
Esse ano terminou com a greve dos estudantes de Lisboa, que lutavam contra o pagamento das propinas
E foram mortos no Tarrafal os militantes do Partido Comunista Português, Jacinto Melo Faria Vilaça (marinheiro), Casimiro Júlio Ferreira (funileiro), e João Lopes Dinis (canteiro).
Em 1942, os militantes do Partido Comunista Português promoveram marchas de fome contra o envio de alimentos para a Alemanha nazi; e dirigiram a greve dos operários da construção naval, e outras paralisações, em Lisboa, que mobilizaram mais de 20.000 trabalhadores, reivindicando aumentos de salários.
Além desse tipo de luta, milhares de antifascistas realizaram marchas da fome, protestando contra o envio de géneros alimentícios para a Alemanha de Hitler.
Porém, a Emissora Nacional intensificou a campanha contra os comunistas; enquanto os assassinos da PIDE mataram a tiro, dentro do seu próprio consultório, o médico militante do PCP António Ferreira Soares, acabando por serem miseravelmente absolvidos, pelos Tribunais do regime.
Em 10 de Setembro, vítima de brutais sevícias, morreu também no Tarrafal, o torneiro mecânico e secretário-geral do Partido Comunistas Português, Bento Gonçalves.
Foram ainda brutalmente assassinados pelas forças repressivas, os heróicos operários militantes do Partido Comunista Português, Albino António de Oliveira Carvalho, António Guedes de Oliveira e Silva, Ernesto José Ribeiro, e Damásio Martins Pereira; e ainda António Jesus Branco (descarregador) e Henrique Vale Domingos Fernandes (marinheiro)
Em 1943, despudoradamente, Salazar e o seu governo forneceram volfrâmio à Alemanha, que chegou a explorar directamente algumas minas em Portugal; sendo certo que o País também abastecia os nazis com conservas e outros produtos.
Do mesmo modo, a Itália de Mussolini adquiriu em Portugal um lote de canhões pesados, e outros tipos de material de guerra.
Por sua vez, os nazis venderam-nos veículos blindados a fim de serem utilizados pela GNR; e até carabinas para equipar a Mocidade Portuguesa.
Nesse ano, ano em que seria dissolvida a Internacional Comunista; o PCP e o seu semanário Avante, promoveram a formação dos Comités de Unidade Nacional para lutarem pelo pão, contra a exportação de comestíveis para a Alemanha nazi.
E o Partido Comunista Português iniciou uma grande campanha para a unidade de todos os democratas, encabeçando numerosas contendas e greves. Tudo começou com a luta vitoriosa dos sapateiros de São João da Madeira contra o desemprego, que forçou o governo a distribuir-lhes material para a confecção de sapatos, continuando com novas e poderosas manifestações dos sapateiros no Couto e na Arrifana.
Por sua vez os assalariados rurais também travaram lutas contra o despacho governamental de 14 de Maio, pelo qual o governo fascista aumentava os horários de trabalho e diminuía os salários.
Até que em Lisboa, e por toda a margem Sul, mais de 50.000 trabalhadores faziam greves e organizaram manifestações pelo pão e contra a fome.
Em Dezembro, o PCP e muitos democratas constituíram o Movimento de Unidade Antifascista (MUNAF).
Foi em Março de 1943, que o Partido Comunista Português organizou o seu 3º Congresso (1º na clandestinidade); onde analisaram a opressão e as grandes contrariedades de que todo o povo português era vítima.
Nessa assembleia os militantes comunistas decidiram porfiar o combate ao fascismo, persistindo na luta por uma sociedade mais justa e solidária; tendo-se destacado entre as diversas teses apresentadas, um excelente trabalho revolucionário elaborado por Álvaro Cunhal.
Foram eleitos para o Comité Central do PCP, os quadros que mais se distinguiram nas duras lutas do movimento de massas, entre eles, Álvaro Cunhal, José Gregório, e Manuel Guedes que constituíram o Secretariado, e ainda Pires Jorge, Sérgio Vilarigues, Alfredo Dinis (Alex), e Dias Lourenço.
Entretanto, no Tarrafal, assassinaram os militantes do Partido Comunista Português Francisco Nascimento Gomes (condutor), e Paulo José Dias (fogueiro marítimo).
Em 1944, o sub-secretário de Estado Santos Costa apresentou ao governo nazi alemão um projecto de acordo para o fornecimento de armamento para a fábrica militar de Braço de Prata.
A meio do ano reuniu o Congresso da União Nacional, que deliberou reforçar o regime da Censura Prévia, e criar o Secretariado Nacional da Informação (SNI).
E em Setembro, ao mesmo tempo que o Salazar tornava a entregar a Franco refugiados republicanos espanhóis para serem fuzilados; principiavam a chegar a Portugal centenas de alemães, muitos deles criminosos de guerra, que eram bem acolhidos na Cúria e no Buçaco.
Ainda em 1944, respondendo ao apelo do PCP, mais de 25.000 trabalhadores da Amadora, Sacavém, Vila Franca, Alhandra, Lisboa, Loures, e Barreiro, organizam uma monumental greve geral, acompanhada por muitas manifestações.
Por sua vez no verão, os rendeiros e camponeses de Almeirim, mais precisamente da Quinta da Goucha envolvem-se em lutas contra os grandes agrários; e já perto de Dezembro, multiplicam-se, no Ribatejo, vigorosas greves pelo aumento de salários, algumas delas vitoriosas.
Nessa conjuntura, o general antifascista Marques Godinho foi preso e deportado para o Tarrafal, onde vítima de maus-tratos, acabaria por morrer; enquanto a criminosa PIDE também matou barbaramente o militante do PCP Francisco Ferreira Marquês (empregado de escritório).
Até que em Março de 1945, Salazar decretou luto nacional pela morte de Hitler e do nazismo alemão.
Imediatamente, o movimento operário ampliou a luta, e organizou centenas de manifestações comemorativas da gloriosa vitória dos aliados, e da derrota do nazismo.
Entretanto, pressionados pelas circunstâncias, os governantes fascistas autorizaram que concorressem diversas listas independentes às direcções dos sindicatos, sendo que em 50 deles saíram vencedores dirigentes afectos à oposição.
E na Voz do Operário, o Movimento de Unidade Democrática (MUD), realizou a sua primeira sessão pública; inaugurando, pouco depois, comissões dessa organização em todas as cidades do País, e também nas ilhas.
Por outro lado, Partido Comunista Português encabeçou grandes manifestações e comícios em Lisboa, no Porto, e um pouco por toda a parte, reivindicando eleições livres contra a habitual farsa eleitoral.
Todavia, esse objectivo não foi conseguido, e a oposição não teve outro caminho senão boicotar o escrutínio de 18 de Novembro; e apoiar as vigorosas greves dos operários agrícolas de Montemor e Vendas Novas.
Raivosamente, a GNR e a PIDE assassinaram vários camponeses e militantes do PCP, e prenderam muitos outros.
Contudo, verificam-se greves vitoriosas dos assalariados rurais da Paradela (Trás-os-Montes), em luta pelo aumento dos salários; e em Lisboa, os trabalhadores da Carris também entram em greve, enquanto multiplicam-se concentrações e manifestações camponesas em Montemor, Tavira, e em Ermidas, durante três dias seguidos.
Nesse ano, mais precisamente em 28 de Maio, a PIDE assassinou, selvaticamente, Germano Vidigal, operário da construção civil, dirigente sindical, e militante do Partido Comunista Português; e poucos meses depois voltou a matar o jovem militante e membro do Comité Central desse partido, Alfredo Dinis (Alex).

Em Janeiro de 1946, mais de 10.000 operários têxteis da Serra da Estrela, foram severamente reprimidos durante uma heróica greve que levaram avante; enquanto em Lisboa e no Porto ferviam grandes manifestações pela Liberdade, além de marchas de fome, pelo pão.
Em 5 de Outubro, o PCP encabeçou novas e poderosas manifestações antifascistas no Porto e em Lisboa; seguidas no dia 10, por uma frustrada tentativa de golpe militar na Mealhada.
Em Dezembro, o comovente funeral do antifascista de esquerda Abel Salazar, transformou-se num autêntico comício de luta pela restauração das Liberdades.
Nesse ano, os democratas fundaram ainda o Movimento da Unidade Democrática (MUD- Juvenil); e no mês de Junho o Partido Comunista Português realizou o seu 4º Congresso (2º na clandestinidade).
Naquela reunião, os delegados comunistas reafirmaram os princípios orgânicos do Centralismo Democrático, e definiram como seus principais objectivos, prosseguir o reforço da unidade antifascista, e o levantamento da nação portuguesa contra a Ditadura, como caminho a seguir para a defesa dos interesses nacionais.
Foram eleitos para compor o Secretariado do Comité Central, Álvaro Cunhal, José Gregório, Manuel Guedes e Militão Ribeiro; e para preencher esse organismo escolheram, entre outros importantes activistas do movimento operário e camponês, Francisco Miguel, Manuel Rodrigues da Silva, Pires Jorge, Sérgio Vilarigues, Dias Lourenço, e Júlio Fogaça.
No ano seguinte, em 26 de Março, carros de assalto e fogo de metralhadoras da GNR, dispersaram uma grandiosa festa realizada por milhares de jovens do MUD-Juvenil.
Em Abril, oficiais democratas tentaram levar avante um golpe militar, duramente reprimido com prisões e novas deportações para o Tarrafal.
Todavia, saiu vitoriosa uma monumental greve de 21 dias realizada em Lisboa, por mais de 20.000 trabalhadores da construção civil, reivindicando o aumento dos salários.
Entretanto, acusados de perigosos comunistas, foram demitidos mais 26 professores universitários de esquerda; e brutalmente, como era seu timbre, a PIDE invadiu a Faculdade de Medicina de Lisboa, espancando e prendendo centenas de estudantes.
Nos últimos meses de 1947, o movimento popular de massas realizou concentrações e marchas de fome no Algarve e no Alentejo, sendo que nesta última região, milhares de operários agrícolas entraram em greve por aumentos salariais.
Nesse ano morreu selvaticamente torturado pela PIDE, o camponês e militante do PCP José António Patuleia.
Em 1948, muitas listas unitárias da confiança dos trabalhadores voltaram a vencer as eleições para as respectivas direcções;
E no funeral do grande cientista comunista e Homem da esquerda democrática Bento de Jesus Caraças, realizaram-se emotivas manifestações pela Liberdade, e contra a opressão fascista.
A meio do ano, o indigno Tribunal Plenário ao serviço da Ditadura, julgou e condenou quase todos os 109 presos políticos que estavam encarceradas nas cadeias do regime, a maior parte deles militantes do PCP.
Por sua vez, em 31 de Agosto de 1948, a PIDE conseguiu prender toda a direcção e os principais quadros do PCP/Madeira; em número de 70, e como sabemos, muitos deles sofreram torturas e longos anos de prisão.
Miseravelmente, os assassinos do regime salazarista mataram no Tarrafal os heróicos militantes do Partido Comunista Português, António Guerra (empregado de escritório), Joaquim Lopes Martins (operário), e Joaquim Marreiros (marinheiro).
Na Madeira, o militante do PCP madeirense Antenor Cruz também seria morto pela PIDE, embora os dirigentes fascistas tivessem asseverado que se suicidou.
Em 1949, toda a oposição uniu-se em torno da candidatura do general Norton de Matos à presidência da República; e depois de muitas jornadas de luta e de animadas reuniões; os oposicionistas boicotaram o acto eleitoral, por não terem conseguido obter o mínimo de condições para evitar mais uma farsa eleitoral.
Nesse ano, em que Portugal foi admitido na NATO, e o Governo de Salazar foi coagido a ceder aos americanos a Base das Lajes, nos Açores; foram presos mais de 10 funcionários do PCP, entre os quais achavam-se Álvaro Cunhal e Militão Ribeiro.
Entretanto, perseguido pela PIDE, gravemente doente e impedido de se tratar, faleceu em 5 de Dezembro, com apenas 39 anos de idade, o grande escritor e militante do PCP, Soeiro Pereira Gomes.
Foi também em 1949, que vítima de selváticos espancamentos, foi morto no Aljube o operário e militante do PCP António Lopes de Almeida.
E logo em Janeiro de 1950, também vítima das sevícias da PIDE, morreu na Penitenciária de Lisboa o operário têxtil dirigente do Partido Comunista Português António Militão Bessa Ribeiro, e ainda o operário e militante desse partido Venceslau Ferreira Ramos.
Meses depois, os celerados da polícia política, torturaram e assassinaram o heróico dirigente do PCP, José Moreira, que deu o seu último suspiro sem nunca lhes dizer onde estava a tipografia clandestina do Avante, que continuou a sair e a ser distribuído aos trabalhadores e aos democratas.
Nesse ano, Álvaro Cunhal foi condenado a muitos anos de prisão pelo indigno Tribunal Especial, depois de transformar o seu julgamento num verdadeiro comício onde acusou a política fascista e o salazarismo de traição nacional.
E durante uma Praça de Assalariados Agrícolas que lutavam por melhores salários, a GNR assassinou a tiro o operário agrícola e militante do PCP Alfredo Dias Lima, e feriu 15 camponeses que com ele lutavam por mais pão e um futuro melhor para os seus filhos.

Em 1951, as forças progressistas propuseram o cientista Professor Rui Luís Gomes como candidato á Presidência da República; pretensão que seria recusada pelo Supremo Tribunal de Justiça, desta vez ao serviço da ditadura; acabando por ser eleito o General Craveiro Lopes, em mais uma das costumadas farsas eleitorais.
Os trabalhadores, e o movimento democrático responderam com várias lutas pela PAZ, recolhendo milhares de assinaturas contra o emprego da bomba atómica.
A PIDE voltou a seviciar e assassinar os militantes do Partido Comunista Português Carlos Pato (empregado bancário) e Gervásio da Costa (operário fabril).
Em 1952, durante a reunião do Conselho de Ministros da NATO realizada em Portugal, ocorreram grandes manifestações de protesto do movimento democrático; enquanto mais de 3.000 assalariados rurais de Pias, e de Vale de Vargo iniciaram uma greve, seguida por outras em todo o Alentejo e Ribatejo, reivindicando o pagamento de melhores jornas nas ceifas.
No ano seguinte, o dirigente do Partido Comunista Português Francisco Miguel, deportado no Tarrafal, foi transferido para a cadeia de Caxias, e pouco depois, em consequência da intensa luta das forças progressistas portuguesas, os fascistas encerraram aquele terrível campo da morte.
Entretanto, o governo decretou a dissolução da Associação dos Estudantes de Medicina e doutras colectividades, enquanto os trabalhadores do Alentejo, voltaram a manifestar-se e a lutar por aumentos de salários.
E nas enganosas eleições para a Assembleia Nacional fascista, a vitalidade da oposição democrática foi tão intensa e participada, que forçou o governo da ditadura a reconhecer que baixou os seus resultados eleitorais em Lisboa e no Porto.
Todavia, a repressão e os crimes prosseguiam, e em 23 de Junho, no concelho da Calheta na Madeira, as forças repressivas fascistas, feriram dezenas de camponeses que reivindicavam o seu direito à água.
Em 19 de Maio de 1954, 1.600 operários da Fábrica do Inglês, entraram em greve e protestaram contra o despedimento de muitos trabalhadores. Com a habitual violência, o governo fascista respondeu, mandando encerrar essa unidade industrial;
Por sua vez, o assassino Carrajola, tenente da GNR, matou cobardemente, a tiro, a heróica militante do PCP Catarina Eufémia, que, apesar de estar grávida, lutava corajosamente, em Baleizão, pelo pão dos seus filhos e por condições mais dignas de trabalho para os trabalhadores rurais.
Apesar da criminosa ditadura, em 1955, Portugal foi admitido na ONU; e pouco depois, foram presos mais de uma centena de estudantes do MUD-Juvenil, entre eles, Agostinho Neto, mais tarde 1º Presidente da Angola libertada.
Em Abril e Maio aconteceram grandiosas greves e lutas contra a exploração, participadas por mais de 25.000 pescadores de Setúbal, Matosinhos, Sesimbra. Peniche, Portimão e Afurada; enquanto centenas de soldados de Artilharia 3, e de Infantaria 16, conseguiram cancelar o embarque de 150 camaradas dum contingente militar que o regime fascista pretendia enviar para a Índia portuguesa.
Entretanto milhares doutros jovens das três universidades do País realizaram acaloradas manifestações contra o Decreto 40.900, que pretendia liquidar as Associações Académicas.

Em 1956, milhares de estudantes universitários das Universidades de Coimbra, Porto e Lisboa, realizaram acaloradas manifestações contra o projecto do Decreto-Lei 40.900, que pretendia liquidar as Associações Académicas.
Até que, em 16 de Janeiro de 1957, mais de 2.500 estudantes, entre eles o autor deste trabalho, manifestamo-nos em Lisboa, junto do edifício da Assembleia Nacional, aquando da discussão daquele diploma legal, que pretendia limitar o direito dos estudantes organizarem associações, para a defesa dos seus interesses.
Entretanto, encabeçados por militantes do Partido Comunista Português, milhares de operários agrícolas do Alentejo lutavam pelo aumento dos salários; enquanto mais de 5.000 pescadores entravam em greve em Matosinhos, pugnando pelo descanso semanal do domingo.
Em 5 de Outubro, os democratas mobilizaram milhares de antifascistas, que reivindicaram o ressurgimento dum poderoso e verdadeiro movimento unitário de luta contra o fascismo, pela Liberdade e a Democracia.
Nesse ano, foram barbaramente assassinados pelas forças repressivas do fascismo, os militantes do PCP, Joaquim Lemos Oliveira, Manuel da Silva Júnior e Rafael Tobias Pinto da Silva, que de forma abnegada lutavam pela Liberdade e pelo Pão.
Em Setembro, reuniu-se o 5º Congresso do Partido Comunista Português (3º na clandestinidade); numa altura muito difícil, em que destacados dirigentes como Álvaro Cunhal estavam presos; e outros como Militão Ribeiro, tinham sido assassinados pela PIDE.
Nesse Congresso, foram aprovados os Estatutos e o Programa do Partido, e discutido o problema colonial no quadro da nova situação internacional.
Durante os trabalhos, o PCP recebeu saudações de partidos irmãos de todo o Mundo, e fora aprovadas as bases para a grande batalha das eleições presidenciais que se aproximavam.
Foram eleitos para o Secretariado do Comité Central Sérgio Vilarigues, Pires Jorge, Octávio Pato e Júlio Fogaça. O V Congresso elegeu ainda para esse organismo de direcção militantes que se tinham distinguido na luta, entre outros, Jaime Serra, Dias Lourenço, José Gregório, Pedro Soares, Joaquim Gomes, Blanqui Teixeira, Georgette Ferreira, Maria Alda Nogueira, Afonso Gregório, Manuel da Silva, Américo Silva e Gui Lourenço.
Em 1958, as forças revolucionárias intensificaram a luta contra a ditadura fascista. Na verdade, logo no mês de Janeiro realizaram em quase todas as cidades do País, grandiosas manifestações populares a favor das candidaturas à Presidência da República do general Humberto Delgado e do Dr. Arlindo Vicente, de quem o autor destas linhas foi um modesto partidário, e membro da sua Comissão em Coimbra.
Em Maio, mais de 50.000 trabalhadores entraram em greve, seguida por uma vigorosa manifestação, onde reivindicavam a melhoria de salários; tendo a PIDE detido mais de 700 operários.
Entretanto, após o Dr. Arlindo Vicente ter renunciado em favor do general Humberto Delgado, as eleições proporcionaram gigantescas manifestações de massas; pelo que apesar de os fascistas haverem adulterado, descaradamente, os resultados eleitorais, mesmo assim, foram forçados a atribuir mais de 22,5% dos votos à oposição.
Porém, as falsificações foram tão descaradas que em Junho e Julho motivaram monumentais greves de protesto, seguidas da criação duma Junta de Libertação Nacional, destinada a reforçar a luta antifascista
E, em 5 de Outubro, com a presença do general Humberto Delgado, milhares de cidadãos fizeram uma grandiosa romagem ao cemitério do Alto de São João, junto ao monumento de António José de Almeida.
Em Dezembro a famigerada polícia política prendeu vários dirigentes e militantes do Partido Comunista Português, nomeadamente, Jaime Serra, Joaquim Gomes, e Pedro Soares.
Contudo, encabeçados pelo PCP, destemidos trabalhadores responderam com monumentais greves em Leixões, Póvoa do Varzim, Couço, Afurada e Murtosa.
Continuando a senha criminosa a PIDE, voltou a assassinar, barbaramente, em 30 de Junho, o operário e militante do PCP José Adelino dos Santos, e ainda outro militante do mesmo partido Raul Alves Júnior, que, ignobilmente, foi atirado da janela do 3º andar da sede dessa polícia, em Lisboa.
Em 1959 o autor deste ensaio e milhares de portugueses assinamos a célebre petição nacional reivindicando a demissão de Salazar; o que determinou nova onda de prisões de centenas de antifascistas.
Em 14 de Março, um grupo de militares e civis católicos tentaram um golpe de Estado; e a PIDE voltou a prender dezenas de democratas.
Pouco depois, em Abril, durante longos 70 dias, os pescadores de Matosinhos, Póvoa do Varzim, e Vila do Conde, realizaram uma grandiosa greve, que só terminou quando a polícia política, soltou os seus camaradas que tinham sido presos durante a luta.
Em Maio, manifestaram-se milhares de democratas em Castelo Branco, contra a prisão de estudantes pela polícia política.
A PIDE, além de prosseguir com a onda de prisões, fuzilou 26 pescadores na Guiné, que tinham entrado em greve; e massacrou centenas de angolanos; e na luta contra essas barbaridades resultou, a criação das Juntas de Acção Patriótica.
Em 1960, o combate unitário contra o fascismo não esmorecia, e o PCP continuava a encabeçar a luta do movimento operário e camponês.
Em Janeiro, os pescadores de Matosinhos tornam a paralisar, e 10 dirigentes do Partido Comunista Português, entre os quais Álvaro Cunhal, realizaram a espectacular fuga da cadeia de Peniche.
Entretanto, no Porto, mais de 10.000 democratas de todas as correntes foram de romagem ao cemitério do Prado do Repouso, onde se manifestaram contra a ditadura.
Em Abril, são presos 130 trabalhadores que participavam numa grandiosa greve de mineiros, em Aljustrel.
Todavia, o 1º de Maio, foi comemorado com greves participadas por milhares trabalhadores industriais e agrícolas, nomeadamente em Lisboa, Couço, Tortosendo e Guimarães; seguidas em 5 de Outubro, de monumentais manifestações em Lisboa, Porto e noutras cidades do País, que foram alvo de selvagens repressões.
O ano terminou com uma enérgica e entusiástica greve dos estudantes do Porto.

Em 1961, Henrique Galvão ocupou o navio «Santa Maria», acto espectacular que seria muito comentado em Portugal e em todo o mundo.
Pouco depois estoirou em Angola a terrível Guerra Colonial, para a qual o autor deste ensaio foi mobilizado, e onde combateu como milhares de jovens da sua geração.
Em Lisboa, milhares de estudantes comemoraram com muito entusiasmo o Dia do Estudante, apesar da repressão e das ameaças da PIDE.
Álvaro Cunhal foi eleito secretário-geral do PCP; e em Março os pescadores de Peniche e Matosinhos voltaram a entrar em greve.
Em Abril, Botelho Moniz tentou um golpe de Estado para evitar a Guerra Colonial que acabaria por fracassar; e nas tradicionais comemorações do 5 de Outubro realizaram-se acalorados comícios, tendo a PIDE tornado a prender dezenas de antifascistas.
Em 11 de Novembro, no decurso duma grande manifestação de trabalhadores, os assassinos da PIDE voltaram a matar, desta vez, o militante do Partido Comunista Português Cândido Martins (Capilé); e dias depois o escultor e activista desse partido José Dias Coelho.
Seguiu-se nova onda de protestos contra as burlas eleitorais e os crimes da PIDE, e no funeral do heróico Cândido Martins (Capilé), na Amadora, manifestaram-se mais de 20.000 trabalhadores.
Em Dezembro, ocorreu nova fuga espectacular de activistas e dirigentes do Partido Comunista Português, desta vez da cadeia de Caxias.
Nesse mês a PIDE tornou a prender os dirigentes do PCP, Pires Jorge, Octávio Pato, Carlos Costa e outros.
Logo em 1 de Janeiro de 1962, alguns oficiais do quartel de Beja tentaram levar avante um golpe militar; e em Granja do Marquês, Lisboa e Porto, ocorreram manifestações contra a partida de soldados para Angola.
Os estudantes também estiveram muito activos. Em Março manifestaram-se em Coimbra e Lisboa; e pouco depois entraram em greve mais de 25.000 jovens das três universidades do País.
Retaliando, em Maio, a PIDE assaltou a sede da Associação Académica de Coimbra, tendo sido detidos 1.500 estudantes e professores.
No Porto, em 31 de Janeiro, militantes do PCP e outros democratas realizaram grandes manifestações de protesto; e em Março, mais de 20.000 antifascistas, comemoram a Jornada Internacional das Mulheres.
No dia 1º de Maio, como já vinha sendo hábito, realizaram-se monumentais manifestações em Lisboa, Porto e Barreiro; seguida por outra logo no dia 8 desse mês, em Lisboa.
Numa concentração de mineiros de Aljustrel, em luta pelo pão e por melhores condições de trabalho, a GNR assassinou o militante do Partido Comunista Português, António Graciano Adângio, e o mineiro Francisco Madeira, tendo ainda ferido dezenas de trabalhadores.
No dia 28 de Maio, milhares de democratas desfilaram em protesto contra a ditadura fascista e o déspota Salazar; e dias depois, numa jornada contra a censura, manifestaram-se, em Lisboa, muitos intelectuais e quadros.
Entretanto, encabeçados pelos militantes do PCP, 150.000 operários agrícolas do Alentejo, entraram em luta acabando por conseguir impor na lei, a jornada de trabalho de 8 horas para os trabalhadores rurais; o que constituiu uma das maiores vitórias do heróico movimento camponês.
Mas, no concelho da Ponta de Sol da Madeira, os fascistas seviciaram centenas de camponeses e caseiros que lutavam pelo direito às águas e às levadas; e, impunemente, mataram a tiro uma jovem e indefesa camponesa.
No fim do ano, as forças da oposição criaram a Frente Patriótica de Libertação Nacional.
Tendo sido assassinado na luta pelo Pão e a Liberdade, o militante do Partido Comunista Português, Estêvão Giro.
Em 1963, as organizações da oposição realizaram uma grande jornada de luta em Lisboa; e nas grandiosas manifestações do 1º de Maio, as forças repressivas da Ditadura assassinaram brutalmente o valoroso militante madeirense do Partido Comunista Português, Agostinho da Silva Fineza.
E logo em 7 de Maio, a PIDE prendeu os valorosos dirigentes do PCP, Fernando Blanqui Teixeira, Guilherme de Carvalho e Jorge Araújo.
Em 1964, os operários agrícolas de Alpiarça levaram avante 8 dias de greve; enquanto mais de 10.000 pescadores do Algarve iniciaram uma paralisação que se prolongou por 12 dias.
E os sectores democráticos realizaram duas conferências da Frente Patriótica de Libertação Nacional.
No fim do ano, mais de 2.000 estudantes, concentraram-se na frente do Tribunal da Boa Hora, reivindicando a libertação de 40 dos seus colegas, que tinham sido presos.
Em 1965, ano em que agentes da PIDE torturaram e assassinaram barbaramente o general Humberto Delgado, milhares de estudantes universitários e liceais manifestaram-se frente ao Aljube, pedindo a liberdade para os presos políticos.
Comemorando o 1º de Maio, os militantes do PCP encabeçaram uma grande jornada de luta em Lisboa, Alpiarça, e Grândola.
Ainda em Maio e em Junho, mais de 5.000 operários dos mármores e das cantarias de Pêro Pinheiro iniciam greves; seguidas por outras dos corticeiros da margem Sul do Tejo, dos curtumes de Alcanova, dos operários da Lisnave, dos empregados bancários e dos seguros, dos operários da Parry & Son, dos salineiros de Alcochete, dos mineiros da Panasqueira, dos electricistas do Porto, e dos trabalhadores da imprensa de Lisboa.
Nesse ano, o Partido Comunista Português realizou, em Setembro, o seu VI Congresso (4º na clandestinidade), no qual os delegados chegaram à conclusão que só pela força poderia ser derrotado o fascismo; e somente a partir dessa histórica decisão, determinada pela intransigência sanguinária do salazarismo, alguns militantes do PCP, passaram à luta armada, mas apenas contra os objectivos militares e repressivos do regime.
Desde então, o braço armado do PCP, ARA, realizou alguns espectaculares atentados estratégicos, praticados com tanto rigor e cuidado que deles nunca resultou qualquer vítima mortal, o que consideramos facto único na luta armada revolucionária mundial, que muito orgulha os militantes comunistas portugueses.
Naquela reunião, os delegados do PCP também analisaram a situação económica, política e social do País, e decidiram um ambicioso Programa Para a Revolução Democrática Nacional, contra o colonialismo e o imperialismo, com o fim de prosseguir a exaltante tarefa da conquista da Liberdade, da liquidação dos latifúndios e do poder económico dos grandes grupos monopolistas.
Para alcançar esses objectivos o PCP defendeu a aliança entre os trabalhadores em geral, os intelectuais, e amplos sectores da pequena e média burguesia nacional.
Entre outros, foram eleitos para o Comité Central Álvaro Cunhal, Sérgio Vilarigues, Octávio Pato, Joaquim Gomes, Pires Jorge, Dias Lourenço, Carlos Costa, Jaime Serra, Blanqui Teixeira, Pedro Soares, Francisco Miguel, Sofia Ferreira, Georgette Ferreira, Alda Nogueira, Ângelo Veloso, e Alexandre Castanheira, entre outros briosos lutadores.
Em 18 de Junho de 1966, encabeçados pelos militantes do Partido Comunista Português, os trabalhadores portuários de Lisboa entraram em greve; e pouco depois ocorreu uma grande manifestação de mais de 1.200 trabalhadores dos serviços municipalizados do Gás e Electricidade da cidade do Porto,
E em 1967, a crise do regime fascista prosseguia e continuava a agravar-se significativamente. Assim, nos primeiros meses, as conserveiras do Algarve, e os operários da Fábrica Trefilania de Sacavém entraram em greve, reivindicando melhores salários.
Em Maio, manifestaram-se mais de 4.000 trabalhadores da Carris; e em Agosto e Setembro foi a vez de os bancários entrarem em luta por novo Contrato de Trabalho.
Até ao fim do ano multiplicaram-se os conflitos de trabalho e greves, praticadas por milhares de operários, nomeadamente, das Cervejas, da Carris, Transportes Colectivos do Porto, da FEX de Alhos Vedros, Fábrica Hermanos de Portimão, Siderurgia Nacional, Fábrica da Pólvora de Moscavide, Fábrica Dyrup de Sacavém, trabalhadores dos mármores de Pêro Pinheiro, e ainda os corticeiros do Vale do Lamo.
No fim do ano, 1500 estudantes também manifestaram-se, vibrantemente, nas ruas de Coimbra.
Em 1968, logo em Janeiro, ocorreram novas manifestações de estudantes, no Porto, protestando contra a guerra do Vietname, e a guerra colonial; seguida por outras dos estudantes de Lisboa.
Em Março, os milhares de pescadores da sardinha de Matosinhos encetaram uma greve que depressa se estendeu aos seus camaradas de Aveiro, Figueira da Foz, Afurada, Esmoriz, Espinho, Ovar, Vila do Conde e Póvoa de Varzim.
Em Maio, as conserveiras também entraram em greve, inicialmente em Olhão, mas logo seguidas pelas de Setúbal, Portimão, e Vila Real de Santo António.
Entretanto, uma lista da confiança dos trabalhadores venceu as eleições no Sindicato dos Bancários de Lisboa.
Em Junho, paralisaram os trabalhadores da Carris, que durante três dias deixaram de cobrar os bilhetes aos passageiros, só acabando a luta após conseguirem o aumento dos salários, que reivindicavam.
Em Setembro, Marcelo Caetano sucedeu ao sinistro Salazar, que depois de ter caído da cadeira, adoecera mortalmente; e os ferroviários de todo o País entraram em greve; logo seguida por uma outra dos operários da Lisnave.
Em Dezembro, a PIDE encerrou o Instituto Superior Técnico; e imediatamente os estudantes de Lisboa manifestam-se nas ruas e decretaram O Luto Académico; que meses depois também seria celebrado nas Universidades de Coimbra e do Porto.
Em 1969, a Demagogia liberalizante de Marcelo Caetano, enfrentou grande contestação do movimento operário e das outras forças progressistas.
Logo em Janeiro, entram em greve os operários da General Motors, os da Fábrica de Cabos Ávila; da UTIC, e do Arsenal; enquanto na cidade do Porto aconteciam grandes manifestações de rua.
Em Fevereiro, paralisaram os trabalhadores da Corvina, Cimentos Tejo, Firestone, Tabaqueira, Matadoiro de Lisboa, e ainda os operários da Fábrica de Malhas Barros, que com muita coragem chegaram a enfrentar a PIDE.
Em Março pararam os trabalhadores da Novalta de Setúbal, e os da TAP, enquanto três mil pescadores do bacalhau recusam partir para a Terra Nova.
Em 18 de Abril, os estudantes das três universidades, iniciam grandiosas lutas em torno do Luto Académico.
E a 22 de Abril, no Funchal, um grupo de progressistas e alguns comunistas madeirenses, um deles o autor deste trabalho, reivindicamos a Democracia e a Autonomia Política, numa Carta que foi entregue, publicamente, ao Governador fascista.
Em Maio, realizou-se o II Congresso Republicano de Aveiro, em que participaram mais de 1.5000 democratas; enquanto os estudantes de Coimbra iniciaram mais uma greve geral.
Em 15 de Julho, a Oposição Democrática reuniu-se em São Pedro de Moel.
Em Agosto, foi criado o Movimento da Juventude Trabalhadora; enquanto mais de 1.000 ferroviários concentram-se na Baixa de Lisboa, reivindicando melhores condições de trabalho.
Em Setembro, os comunistas e muitos antifascistas organizaram as Comissões Democráticas Eleitorais (CDE) a fim de concorrerem às eleições para a Assembleia Nacional. Todavia, no Porto, alguns divisionistas e amarelos, criaram a Comissão Eleitoral Democrática de Unidade Nacional (CEUD)
E, nas tradicionais comemorações de 5 de Outubro, os trabalhadores e demais antifascistas realizaram grandes comícios e manifestações democráticas no Porto e em Lisboa; seguidas duma monumental greve geral dos ferroviários.
Na farsa eleitoral para a Assembleia Nacional, apesar das monumentais burlas, os governantes fascistas, foram forçados a contabilizar 134.000 votos para oposição, ou seja, 12%.
Em Novembro, realizou-se o IIº Congresso Democrático; e o ano terminou com greves e colossais manifestações de muitos milhares de trabalhadores em Lisboa, na margem sul do Tejo, na Lisnave, Robialac, CUF, Corama, Standard Eléctrica, Matadoiro de Santarém, Estaleiros do Alfeite; sendo que até paralisaram os médicos estagiários do Hospital de Santa Maria.
Em 1970, ano em que foi criada a Intersindical (1 de Outubro), já era visível que se aproximava a derrota da demagogia liberalizante de Marcelo Caetano.
Desde Janeiro, realizaram-se grandes manifestações no Porto, e em Lisboa; enquanto grupos de jovens manifestaram-se, em diversas cidades, contra a guerra colonial.
Em Fevereiro, os médicos dos Hospitais Civis de Lisboa entraram em greve, seguida pela dos pescadores da sardinha do Algarve e Peniche; enquanto na Marinha Grande eram despedidos 120 operários vidreiros da fábrica Roldão; que lutavam pelo trabalho com direitos.
No 1º de Maio, milhares de antifascistas celebraram acaloradamente o dia do trabalhador em Lisboa, Barreiro, Ribatejo, e no Porto.
Esse ano terminou com a sabotagem pela ARA do navio Cunene, que tinha sido fretado pelas forças militares, e ainda com a destruição de material de guerra no porto de Lisboa, que se destinava às colónias. Pouco depois, esse braço armado do PCP, causou graves estragos num espectacular atentado ao Centro Cultural da Embaixada dos EUA, em Lisboa.

Em 1971, as greves e as lutas não pararam. Foram as dos operários da Tudor; dos pescadores da Póvoa do Varzim; dos tecelões de Fafe; dos trabalhadores dos Cabos Ávila; dos estudantes das três universidades; dos operários têxteis da Covilhã; dos bancários de Lisboa, e até dos médicos dos hospitais civis de Lisboa, Porto e Coimbra.
Também aconteceram muitas manifestações, em todo o País, destacando-se uma de 5.000 caixeiros frente ao Palácio São Bento; a de 20.000 antifascistas no Porto, outra, em Moscavide, de 4.000 pessoas, que lutavam contra a prisão de 2 jovens que recolhiam fundos para o Natal dos presos políticos; seguida de outras no Barreiro e Vila Franca, onde milhares de trabalhadores lutavam por mais justiça e solidariedade.
Entretanto, os próprios cadetes da Escola de Infantaria de Mafra, efectivaram monumentais manifestações, protestando contra a morte de 4 camaradas, em exercícios e manobras militares.
No aniversário do Partido Comunista Português, bandeiras e símbolos anunciaram essa efeméride em muitos pontos e cidades do País.
Por sua vez, a ARA do PCP, destruiu uma frota de helicópteros, e vários aviões na base aérea de Tancos; e também danificou, gravemente, o quartel-general da COMIBERLAND, em Oeiras.
Em 1972, logo em Janeiro, a ARA voltou a destruir um armazém de material de guerra no cais de Alcântara.
Por sua vez, os estudantes continuaram muito activos. Assim, em 21 de Janeiro, o Partido Comunista Português criou a sua organização da juventude União dos Estudantes Comunistas (UEC);
E em Fevereiro e Março multiplicaram as acções de massas em Lisboa, Coimbra e Porto; em 17 de Abril, estalou a jornada de luta da Universidade de Coimbra; em 16 de Maio foi a vez do Instituto Superior Técnico e do ISCEF, se manifestarem contra o encerramento das Associações Académicas; e em 12 e 21 de Outubro, os estudantes realizaram monumentais manifestações, sobretudo no funeral de um colega miseravelmente assassinado pela PIDE.
Por sua vez, milhares de antifascistas também explodiram, e realizaram uma grande campanha para amnistia dos presos políticos; seguida, em Agosto, por uma grandiosa manifestação no Porto, com mais de 40.000 pessoas.
Mas, foram os trabalhadores, encabeçados pelo Partido Comunista Português que mais abalaram o regime. Em 12 de Fevereiro, 2.700 operários da Grunding entraram em greve e ocuparam a fábrica; em 19 de Setembro, durante uma semana, os pescadores de Portimão ficaram em terra; em Junho os estivadores de Lisboa paralisaram; em Outubro foram 4.000 trabalhadores da Carris que entraram em greve; e em Novembro os assalariados rurais de Alpiarça, também se manifestaram, reivindicando melhores salários.

E desde o início de 1973, até ao 25 de Abril de 1974, assistimos à agonia da longa noite fascista.
Em Janeiro, manifestaram-se os empregados bancários de Lisboa, entraram greve os pescadores de Matosinhos, Aveiro e Figueira da Foz; e 400 trabalhadores da fábrica de papel Abelheira, ocuparam o edifício da empresa, em defesa dos seus postos de trabalho.
Em Março, deu-se o encontro de 13 Comissões Distritais do Movimento Democrático, para preparar as candidaturas às «eleições» da Assembleia Nacional.
Em Abril, reúne-se o IIIº Congresso da Oposição Democrática; enquanto em Aveiro, numa romagem à campa do escritor comunista Mário Sacramento, mais de 5.000 Democratas sofreram uma selvagem carga policial. Também em Abril, entraram em greve, durante 70 dias, os pescadores da Costa Norte.
Em Junho, manifestaram-se os trabalhadores da TAP.
Em Julho, os bancários entram em greve, e, novamente, paralisaram os trabalhadores da TAP.
Em Setembro, reúnem-se num monte alentejano, perto de Évora, os militares que deram início ao glorioso Movimento dos Capitães.
Em Outubro, as hostes democratas aproveitaram a farsa eleitoral para uma vez mais denunciar o regime fascista, realizando amplas campanhas de propaganda.
Enquanto os operários da Sacor entram em greve; e, no Porto, mais de 10.000 antifascistas protestaram contra a burla eleitoral no Porto, seguidos poucos dias depois por mais de 5.000 em Lisboa.
Em fins de Outubro e Novembro, encabeçados pelos militantes do PCP, estiveram em greve milhares de operários de todos os sectores de indústria, do comércio, e da agricultura.
Em 1974, uma girândola de greves anunciavam que o fascismo, cairia muito em breve, completamente putrefacto.
Assim, em Janeiro, os operários da fábrica Cavado de Braga, ocuparam os locais de trabalho; enquanto os trabalhadores do Alfeite se concentravam em luta por melhores condições de vida; e os operários da Cometna e os da Sorefame entravam em greve. No fim do mês, muitos milhares de democratas também manifestaram-se no Porto, Braga, Aveiro e Amarante.
Em Fevereiro, choveram greves por todo o País; e em Talhadas do Vouga, os baldios foram recuperados pelos camponeses; enquanto os estudantes da Universidade de Lisboa, entravam em luta contra a guerra colonial.
Em Março, em jeito de canto do cisne, os fascistas prenderam 200 oficiais do exército por delito de reunião. Pouco depois, em 16 de Março, dá-se a revolta militar de Caldas da Rainha; seguida pela destituição dos generais Costa Gomes e Spínola dos cargos de chefe e vice-chefe do Estado-maior General das Forças Armadas.
Em fins de Março e princípios de Abril seguem-se mais algumas greves, nomeadamente a dos trabalhadores dos Seguros.
Até que o nº 464 do semanário Avante, que seria o último imprimido na clandestinidade – o Partido Comunista Português informava aos seus militantes e a todos os portugueses a realização e execução «dum amplo movimento, que abrange centenas de oficiais do Quadro Permanente dos três ramos das Forças Armadas»; e apelava para aliança entre esses militares patriotas, e os democratas da luta anti-fascista, com o fim de, finalmente, derrubar o fascismo e conquistar a Liberdade e a Democracia, como efectivamente aconteceu na radiosa madrugada do dia 25 de Abril de 1974.

Sem comentários:

Enviar um comentário